terça-feira, 6 de novembro de 2012

Equador, o berço do chapéu Panamá



O apogeu dos chapéus Panamá começou no início do século passado

A elegância se constrói a golpes de facão. Carludovica palmata, planta comum no litoral do Equador fez a cabeça de homens ilustres.

Winston Churchill, primeiro-ministro da Inglaterra, usava. Getúlio Vargas também.
Com ele na cabeça, o pai da aviação, Santos Dumont, chegava nas nuvens.

Um autêntico chapéu de palha também adornava o riso cínico de Al Capone. Ainda hoje, a palmeira viaja do campo até as pequenas cidades no lombo da montaria, para se transformar no elegante chapéu panamá.

O apogeu dos chapéus Panamá começou no início do século passado, quando ficaram conhecidos como Panama-Hats.
O nome veio de um grande mal-entendido. Os operários que abriram o Canal do Panamá usavam chapéus feitos no Equador para se proteger do sol.

Os panamenhos gostaram do negócio e passaram a comprar chapéu para revender no mundo todo. Ganharam fama de bons artesãos na aba do chapéu de Montecristi. Mas o chapéu panamá, na verdade, teve origem no Equador. Ganhou esse nome porque os chapéus desse tipo eram embarcados para os Estados Unidos via Panamá.

Os panamás são tecidos com palha muito fina. A palha é colhida, remetida para centros de tecelagem como a cidade andina de Cuenca e transformada em chapéus pelos tecelões. O processo de fabricação requer uma longa série de passos.

Famílias inteiras trabalham no preparo da fibra, conhecida como palha toquilla, matéria-prima do chapéu artesanal. O tecido só se transforma em dias úmidos e à sombra, levando um chapéu de 24 voltas, ou "enjires", mais ou menos 4 meses para fazer.

Em Montecristi, mora o artesão mais antigo. Vive ali no litoral do Equador, sempre seguindo a tradição, e fazendo o mais caro e famoso chapéu panamá.
Naquela época, as mãos mais experientes do povoado tinham apenas oito anos. Já teciam panamá e tecem até hoje. A vista é que anda cansada. Mas dom Fausto teima em não usar os óculos. Ele já tem 90 anos, dos quais 82 debruçados no trabalho.

Dom Fausto conserva as unhas grandes, navalhas do polegar que cortam e trançam palha por palha. Conhece bem os caminhos do delicado emaranhado de fios. Chapéu de fino trato que sai da casa dele para entrar no porrete.
Para suaviza-lo e estirá-lo, bate-se o chapéu com um porrete de madeira, passa-o e, uma vez concluído, deixa-o novamente ao sol.

Antes de virar chapéu, a palha toquilla passa pelas mãos de muita gente para fazer o clareamento da palha e dar forma e acabamento ao chapéu panamá.
Na oficina de dom Pablo, o rítmo de trabalho é marcado pelo pilão. É assim que se clareia a palha, salpicando pó de enxofre, tarefa que rende um real por hora de trabalho. Depois de 15 minutos de pancada, é hora de botar o sombrero na linha, isto é, no estaleiro. E é com fogo que se dá forma ao chapéu.

Dom Pastor usa ferro em brasa. Uma obra de mestre. Quando recebia em sucres, antiga moeda do Equador, a quantia parecia de bom tamanho. Mas quando convertida em dólar, ganha-se o preço da decepção: "Ganho cem mil diários, US$ 4".

Dona Dinha, a mulher de dom Pastor, é quem dá o acabamento final. Sem descanso, ela comenta: "Nós trabalhamos todos os dias". E já foi pior. Hoje, dona Dinha trabalha sentada, mas não se esquece do sacrifício, quando tecia até 12 horas debruçada sobre o chapéu.

Finalmente tira-se o pelo e termina de cortar com a tesoura para, posteriormente, mandar a peça para quem o colocará na forma segundo a moda.
Uma vez terminado, o artesão vende o chapéu ao fabricante, quem se preocupa dos acabamentos fazendo as reparos necessários, como trocar as palhas pretas, ou tecer onde o tecido se soltou. Logo, lava-se o chapéu, se "zahuma", na guarita, durante duas horas, e seca-se ao sol durante 10 minutos.

Como ultimo passo aplica-se as fitas, tanto dentro quanto fora, segundo as medidas escolhidas. Já embalado e enrolado em caixa de balsa, o chapéu Panamá está pronto para a venda, tanto no país como no exterior.

Hoje em dia os principais centros de produção são Montecristi, na província de Manabí, Gualaceo, na província de Azuay, e Biblian, na província de Cañar.
Os maiores mercados para sua comercialização são México, Brasil e Estados Unidos, e seu preço pode variar entre U$ 4,00 e U$1.000, segundo sua qualidade e o número de voltas que se elaboram com dois tipos de fibras.

Os tipos mais finos se fazem de "toquillas". Outros, com a macora, fibra de inferior qualidade. Mas para os artistas, fica o gosto pelo trabalho bem feito, que não sai da cabeça de todo mundo.

Um comentário:

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